A Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), em parceria com o Fórum Estadual LGBT+, realizou, nessa quarta-feira (27), um debate virtual com o tema “Nossos corpos são políticos – Desafios para TRANSformar a gestão pública”, com o Poder Executivo. A atividade fez parte da programação do Mês da Visibilidade Trans, que segue até esta sexta-feira (29).

Entre as convidadas estavam presentes a psicóloga Julia Pires, atual subgerente de Saúde Mental da Secretaria de Saúde de Guarapari/ES e vice-presidenta do Conselho Estadual LGBT+; a economista Rafaella Mahare, atual gerente de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Infraestrutura, Cidades e Habitação do Governo do Estado de Tocantins, especialista em Gestão Pública, Orçamento e Finanças Públicas e vice-presidenta da Associação de Travestis e Transexuais do Estado de Tocantins; e a atual diretora de Promoção de Direitos LGBT do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, professora, mestre em Educação, Marina Reidel.

Além das convidadas, o evento contou com a mediação do representante do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade do Espírito Santo (Ibrat-ES) e Universitrava, Murilo Lopes Teixeira.

Em sua fala, Rafaella Mahare contou sua experiência como mulher trans e no serviço público.

“Quando eu entrei no concurso, ainda não tinha feito a transição. Passei por algumas situações de preconceito por ter sido uma pessoa gay assumindo um cargo de chefia, mas esses preconceitos foram acabando porque perceberam a minha capacidade. Tem seis anos que comecei a fazer a transição. De lá para cá, alguns colegas de trabalho acompanharam as mudanças e há o respeito, porque, a partir do momento em que começamos a respeitar as pessoas, o respeito é retribuído. Nós, pessoas trans, temos que ocupar espaços. Eu vejo outras ocupando espaços em hospitais ou na educação, e isso é importante pois temos que mudar essa realidade. As pessoas têm que passar a ver não a sexualidade da pessoa, mas a capacidade e o que ela pode oferecer ao serviço público”, declarou.

Representante do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, Marina Reidel explicou quais são os entraves de se ter mulheres e homens trans na gestão pública.

“Hoje, nós temos deputados, vereadores e vereadoras trans. Temos que sair daquela bolha de que só a prostituição é o trabalho. Claro, reconhecemos isso como um trabalho porque muitas ainda vivem dele, mas temos que pensar além disso, sobre quais são as outras possibilidades que conseguimos avançar. Na gestão pública, a gente tem esse desafio de olhar para os nossos iguais e pensar o que a gente pode construir a partir disso, de pensar que nós estamos numa gestão que vai acabar um dia, mas o que podemos construir com o presente para tentar melhorar a vida dos nossos iguais dentro das suas diferenças”, disse Marina Reidel.

Durante a Live, um dos pontos abordados por Julia Pires foi sobre um dos grandes desafios para a população trans como um todo.

“Diferentemente das meninas, eu tenho pouco tempo nesse espaço, apenas quatro meses atuando em gestão pública. Os desafios são de entender como funciona ainda. Mas o que fiquei pensando, principalmente, foram os serviços. Estou como subgerente da Saúde Mental, mas, se pensar na saúde como um todo, eu acho que um dos grandes desafios da população trans é ser bem atendida, é ter sua identidade de gênero e orientação sexual respeitadas. Nós temos muitos profissionais de saúde, mas ainda temos muitos profissionais que desconhecem sobre identidade de gênero e acabam confundindo um pouco os temas. Então, nesse serviço, acabo trabalhando isso, principalmente com as equipes de saúde mental, o que também se torna um pouco especial para mim por ser psicóloga”, comentou Julia Pires.   

O Mês da Visibilidade Trans é uma iniciativa da SEDH, em colaboração com diversas instituições e entidades, incluindo várias atividades que tiveram início no dia 18 de janeiro e seguem até esta sexta-feira (29).

Confira a programação completa por meio do link: https://bit.ly/39mlDoY

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