26/01/2021 20h49 - Atualizado em 27/01/2021 14h36

Live com vereadoras trans debate desafios enquanto gestoras públicas no Poder Legislativo

A Secretaria de Direitos Humanos (SEDH), em parceria com o Fórum Estadual LGBT+, realizou, nessa segunda-feira (25), um debate em formato Live com o tema “Nossos corpos são políticos – Desafios para TRANSformar a gestão pública”, com recorte para o Poder Legislativo. A atividade faz parte da programação do Mês da Visibilidade Trans, que vai até o dia 29 de janeiro.

Participaram como convidadas a mulher trans, vereadora e membro da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Rio Novo do Sul, no Espírito Santo, Lari Bortolote Marcon; e a mulher intersexo, travesti, negra, soropositiva e vereadora da Bancada Feminista no Município de São Paulo/SP, Carolina Iara.

Além delas, o bate-papo contou com a participação do gerente estadual de Políticas de Diversidade Sexual e Gênero da Secretaria de Direitos Humanos, Renan Cadais, que fez a abertura; do coordenador colegiado do Fórum Estadual LGBT do Espírito Santo, Douglas Admiral; e mediação de Carlos Eduardo Medeiros de Melo, representante do Instituto Brasileiro de Transmasculinidade do Espírito Santo (IBRAT-ES), do Conselho LGBT+ do Espírito Santo e do Fórum Estadual LGBT.

A vereadora Lari Bortolote Marcon falou um pouco sobre sua vivência como candidata e vereadora eleita do município de Rio Novo do Sul.

“Fui eleita a primeira vereadora trans de Rio Novo do Sul, que é uma cidade extremamente pequena, com cerca de 12 mil habitantes e praticamente uma cidade rural. Eu via que na política da cidade tinham poucos jovens interessados e percebi que era preciso uma pessoa que representasse essa classe. Consultei minha família sobre me candidatar, mas de início ficaram um pouco inseguros, só que depois me apoiaram. Mas tive um pouco de dificuldade com minha candidatura, por ser um município pequeno e totalmente religioso. Logo quando iniciei a campanha, o povo ficou surpreso e não estava levando muito a sério, mas com o decorrer eu fiz uma campanha muito legal e isso começou a preocupar alguns, pois tive até perseguições de adversários. Tinha candidato que chegava às famílias mostrando vídeos e fotos minhas e falavam coisas preconceituosas. Mas eu não desisti, continuei firme e consegui me eleger. Quero representar os jovens, as pessoas LGBT+ e quero fazer um ótimo mandato”, declarou Lari Bortolote Marcon.

A co-vereadora do município de São Paulo, Caroline Iara, contou como tem sido o desafio diário de ocupar esse espaço na Câmara.

“É uma sobreposição de opressões e de histórias de vida que atravessam toda a minha existência e que atravessam meu trabalho. Toda vez que chego à Câmara de Vereadores com brasão de São Paulo no peito dá um frio na espinha saber que você está ocupando uma das instituições mais antigas do País. Ir toda hora naquela estrutura representa muita coisa, pois é um espaço que, historicamente, foi negado para a população trans e negra. Para vocês terem uma ideia, as próprias mulheres negras que trabalham lá [Câmara] vieram falar comigo que estavam entusiasmadas de verem mulheres negras pela primeira vez num espaço de poder, ou seja, no Plenário da Câmara, nas Assembleias ou nas comissões, na elaboração de projetos de lei, algo inédito até então. Então é, de fato, um momento histórico isso que estamos vivendo e, de fato, é histórica a minha eleição. Agora o que temos pela frente é um desafio enorme, porque essas casas legislativas não estão preparadas para receber as pessoas trans. Elas são feitas para homens cisgênero, brancos, ricos e são inóspitas para nossa população negra, pobre e trans. É um desafio diário cavar esse espaço e fazer com que a engrenagem funcione para ajudar nas lutas dos movimentos sociais, das comunidades e territórios”, afirmou Caroline Iara.

O gerente de Políticas de Diversidade Sexual e Gênero da Secretaria de Direitos Humanos, Renan Cadais, explicou a importância de atividades como esta. “Precisamos discutir a presença dos corpos não-cisheteronormativos nos espaços de decisão e, após isso, garantir e dar visibilidade para que muitos outros assumam o poder. Após um novo espaço conquistado, o nosso papel é sempre garantir mais”, reforçou.

A organização do evento também convidou a vereadora Titia Chiba, a mais votada do município de Pompéu/MG, mulher trans e negra, mas ela teve um compromisso na Câmara que não lhe permitiu participar da atividade.

O Mês da Visibilidade Trans é uma iniciativa da SEDH, em colaboração com diversas instituições e entidades, incluindo várias atividades que tiveram início no dia 18 de janeiro e seguem até o próximo dia 29. Confira a programação completa por meio do link: https://bit.ly/39mlDoY

 

Informações à Imprensa:
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Juliana Borges
(27) 3636-1334
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