18/12/2017 17h20 - Atualizado em 18/12/2017 17h25

ARTIGO: Juventude e criminalidade

Quem for a um presídio qualquer do Brasil encontrará, certamente, duas coisas: jovens e superlotação. Já somos o terceiro país mais encarcerador do planeta e, se considerarmos o perfil social de nossos presos, talvez sejamos o que mais encarcera jovens negros moradores de periferias no mundo. Por outro lado, também somos um país com números de mortes de jovens negros típicos de uma guerra civil, sendo o segundo que mais mata adolescentes e jovens.

Boa parte das prisões e mortes de jovens está associada, direta ou indiretamente, ao tráfico de drogas, que tentamos eliminar com uso de forças policiais e militares desde que o presidente americano Richard Nixon declarou “guerra às drogas” em 1971. Se força policial e presídios fossem capazes de resolver o problema do tráfico, era de se esperar que países mais ricos e poderosos que o Brasil já tivessem chegado a algum resultado significativo na erradicação das drogas. Porém, tanto aqui como acolá, o resultado é apenas a eliminação de pessoas enquanto o tráfico cresce.

Em áreas pobres de nossas cidades, diante de um campo de batalha criado para repressão, os jovens, em especial os negros, vivem com uma expectativa de que serão presos, estigmatizados e discriminados pela pobreza e pelo racismo; situação que os aproxima ainda mais de assumir o risco e encarar a vida no tráfico de drogas.

O custo humanitário e econômico desta guerra sem sentido é alto demais para tão pouca eficácia. Insistir em aumentar o uso da força, prender e matar mais, é partir do pressuposto que o problema é a dose do remédio e não o fato de estarmos há muito ministrando o remédio errado. Países que tiveram resultados bem mais significativos que o nosso na redução da violência, como Colômbia, Holanda e mesmo estados americanos, trocaram a guerra às drogas por ações focadas na redução da violência e com inclusão social.

Por mais que nosso Estado ainda persista com altas taxas de mortalidade de jovens, recentemente conseguimos mudar a direção da curva e torná-la decrescente. Em 2015 foram contabilizados, entre a população de até 19 anos, 33,7 assassinatos por 100 mil habitantes, em nosso Estado, enquanto em 2014 o indicador era de 40,5. Em números absolutos, uma queda de 389 para 302 mortes, por ano. Redução superior a 20%.

É a primeira redução na taxa de mortalidade em cinco anos e o menor número de homicídios de jovens em oito anos. Números que nos fazem crer que o caminho é voltado à inclusão social e à criação de oportunidades.

Para alcançar mais resultados, o Programa Ocupação Social ouviu 6 mil jovens, moradores dos 26 bairros mais vulneráveis do Estado para entender suas necessidades e trabalhar o seu empoderamento, oferecendo chances de eles voltarem à escola e se capacitarem para o mercado de trabalho, tudo por meio de parcerias entre o público e o privado, pois cuidar dos nossos jovens é dever de todos.

A previsão é ir além e ampliar as atividades, projetando mais de 30 mil atendimentos para 2018. E isso começa com reforço no orçamento via Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com verba prevista de 70 milhões de dólares, incluindo a contrapartida. Recursos que garantem investimento por cinco anos em segurança cidadã, levando equipamentos públicos, serviços e ação social a quem mais precisa. Estamos agindo.

 

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